terça-feira, 2 de junho de 2009

Educação Após Auschwitz

Acredito que uma civilização que queira evitar a barbárie, a opressão na educação, deve combatê-la desde cedo, isto é, na primeira infância.
Neste sentido o diálogo, o brincar, o jogo tem um valor para além do lúdico... Segundo Bruno Bettelheim: “nenhuma criança brinca só para passar o tempo, sua escolha é motivada por desejos íntimos, problemas, ansiedades.” O brincar de uma criança é sua fórmula secreta que devemos acolher e respeitar mesmo se não a entendemos.
Outra questão importante que devemos manter na instituição é o espaço para a autoridade, sem o autoritarismo, sem a repetição. Construir regras com seus alunos e sempre que surgir o conflito mediá-los, deixar espaço para a criança resolver o problema, trabalhar em grupo dando oportunidade para as relações.
Mediar os conflitos quando estes surgirem são questões importantes para criar autonomia entre os estudantes. Segundo Wallon somos seres geneticamente sociais. Por isso o contexto escolar deve proporcionar o vínculo com o professor, os colegas, o diálogo e a troca de conhecimento entre os pares.
No texto, Adorno coloca que uma mentalidade sadia necessita de vínculos para que dê um paradeiro ao sádico, destrutivo, devastador... O vínculo do professor com a criança é extremamente importante para desenvolvermos bem a aprendizagem. Penso que o diálogo na escola deve ser sempre vivenciado, resguardado, aprimorado. .”O diálogo em si é criativo. Do ponto de vista humano, dialogar é essencial ao crescimento” (Paulo Freire)
O esporte e outras atividades pode ser uma saída na escola para resgatar o sujeito da marginalidade, principalmente em áreas de vulnerabilidade social, apesar de o autor colocar que pode ser algo ambíguo dependendo do indivíduo.
Em algumas modalidades pode ser agressivo em outras suscitar o cavalheirismo e consideração com o mais fraco. Uma experiência que tenho no município onde leciono são as oficinas no turno oposto, onde os alunos podem escolher e se inscrever em oficinas de: violão, violino, coral, dança.
Este trabalho é desenvolvido em toda a rede municipal não para formar músicos ou dançarinos, mas para dar a chance de realizar na escola um momento prazeroso e de desenvolvimento de habilidades. Concordo plenamente com o autor quando diz: ”devem-se combater, antes de mais nada, aqueles costumes folclóricos , rituais de iniciação de qualquer forma, que causam dor física...como prêmio de pertencer a uma coletividade”.
Além de combater os rituais de iniciação, os trotes, o bulliyng na escola devemos ter em mente que isto pode ser o início da violência-nacional socialista. Em hipótese alguma devemos ser coniventes, por exemplo, com o bulliyng porque o sujeito reprimindo a dor, o medo, tentará repassar a outro. A escola deve combater a dor e a capacidade de suportá-la, através do diálogo com professores, orientadores e de projetos na escola que deixe nos permitir falar e ter medo.

Estamos atualmente supervarolizando as tecnologias, a internet, tornando a educação algo mecânico. A educação, na minha opinião vai ser sempre algo humano, onde a troca de conhecimentos se dá de uma forma socializada entre professor, aluno, pais, comunidade em geral. A tecnologia é um recurso para aprimorar o conhecimento, facilitar a aprendizagem e não um fim em si mesmo.
Devemos combater na escola a falta de identificação. A história de vida do sujeito deve ser conhecida pelos professores para que a instituição não contribua psicologicamente para o retorno de Auschwitz.

Um comentário:

Anice - Tutora PEAD disse...

Pois é, Adriana. Comentaste muito bem sobre a questão da tecnologia. Ela deve ser um recurso facilitador de aprendizados, mas ainda assim as relações e o ensino ocorrem pelas relações humanas. Necessitamos criar recursos que favorecem a auto-estima e habilidades dos nossos alunos e professores. Abraço, Anice.